terça-feira, 31 de agosto de 2010

BERTOLT BRECHT (1898-1956)



                                               Hino a deus


No fundo dos vales escuros morreram os famintos.
Mas você lhes mostra o pão e os deixa morrer.
Mas você reina eterno e invisível
Radiante e cruel, sobre o plano do infinito.

Deixou os jovens morrerem, e os que fruíam a vida
Mas os que desejavam morrer, não permitiu...
Muitos daqueles que agora apodreceram
Acreditavam em você, e morreram confiantes.

Deixou os pobres, ano após ano
Porque o desejo deles era mais belo que o seu céu
Infelizmente morreram antes que chegasse com a luz
Morreram bem aventurados, no entanto e apodreceram imediatamente.

Muitos dizem que você não existe e que é melhor assim.
Mas como pode não existir o que pode assim enganar?
Se tantos vivem de você, e de outro modo não poderiam morrer
Diga-me, que importância pode ter então que você não exista.

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