quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Morte dos Artistas

Charles Baudelaire

Quantas vezes irei sacudir os meus guisos,
Tua fronte beijar, morna Criatura?
E para o alvo alcançar, de tão mística altura,
Quantos dardos da aljava hão de me ser precisos?

Em conjuras sutis usaremos os juízos,
Para após demolir muita grave armadura,
Antes de contemplar a grande Criatura
De desejo infernal que paralisa os risos!

Há estes que o Ídolo seu não fitaram jamais,
Há o maldito escultor que, marcado de ofensa,
Só vive a martelar o peito e a fronte imensa.

Só esperam - Capitólio, e de sombras fatais! -
Venha a Morte e planando à feição de um sol novo,
Em seu cérebro arder como um floral renovo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário